sábado, 25 de julho de 2009

Pituba noturna


Da janela observo a movimentação dos transeuntes , veículos e capto registros imagéticos frenéticos, formas abstratas que definem a cartografia de uma cidade que pulsa!!!!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Flanando

Luzes, faróis , produzem efeitos luminosos dignos das composições dos grandes mestres da arte barroca .Assim é a noite em qualquer metrópole.

Flanando


Flanando pelo bairro da Caixa D'água, fim de expediente, sexta -feira, dia 10 de julho de 2009, inverno.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Trilhando diálogos com Baudelaire

O flâneur é ser que observa o mundo que o cerca de maneira real e descritiva, levando a vida para cada lugar que vê. O flâneur descrever as cidades, as ruas, os becos, o externo. Desvincula-se do particular, recrimina o privado, de forma a ver a rua como lar, refúgio e abrigo. Este sentimento flaneuriano reflete a necessidade de segurança do indivíduo, a necessidade de identificação dele para com a sociedade. A rua é seu lar, seu mundo. Ali nada é estranho ou prejudicial. Na rua se sente confortável e protegido. O flâneur do século XIX representou a angústia da Revolução Industrial.Mesmo que não habitante constante da rua, o indivíduo flâneur utiliza sua janela (caminho livre para o externo) para fazer sua observação e seu retrato. O flâneur é um fotógrafo. Porém além de imagens, ele registra idéias, sentimentos e atitudes. Descreve tudo com perfeição e carinho. Ama o mundo exterior e dele faz seu ideal profissional e emocional.Baudelaire foi o precursor deste sentimento, foi ele quem abriu as portas e as janelas da rua para o leitor. Foi ele quem expandiu sua idéia, tão próxima da realidade, aos diversos flaneures ocultos pelo mundo. Esse sentimento observado é tão real e tão forte que caminhou pelo tempo e até os dias atuais, deixando um rasto perceptível em cada época da literatura. Através da visão do poeta-flâneur mostraremos as transformações urbanas.Charles-Pierre Baudelaire, poeta e crítico francês, nasceu em Paris em 9 de abril de 1821. Baudelaire move-se de acordo com sua profunda instabilidade interior, o que torna sua produção uma alma vertiginosa. Sua realidade é atormentada por causa da degradação da vivência moderna. Essa realidade aguda se reflete em sua poesia desesperadamente inquieta, tornando-o uma ameaça ao conformismo. No dizer de Walter Benjamin, Baudelaire é um lírico no auge do capitalismo que enfrenta a inquietação e o estranhamento. Na visão baudelairiana o homem moderno é vítima das agressões das mercadorias e tragado pelas multidões, com isso configura-se como um embriagado a perambular pela cidade em total estado de abandono, à beira de um precipício.
A uma passante
A rua em torno um frenético alarido
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão suntuosa
Erguendo e sacudindo a barra do vestido.
Pernas de estátua, era-lhe a imagem nobre e fina.
Qual bizarro basbaque, afoito eu lhe bebia
No olhar, céu lívido onde aflora a ventania,
A doçura que envolve e o prazer que assassina.
Que luz...e a noite após! Efêmera beldade
Cujos olhos me fazem nascer outra vez,
Não mais hei de ter senão na eternidade?
Longe daqui! tarde demais! nunca talvez!
Pois de ti já me fui, de mim tu já fugiste,
Tu que eu teria amado, ó tu que bem o viste!
(BAUDELAIRE, apud BENJAMIN:2000 p.42)
O cenário inicial era a Paris do século XIX, logo o incômodo da industrialização afetou outras cidades, e hoje temos representantes dessa angústia no mundo inteiro. Baudelaire é apenas o alicerce para uma vasta coleção de seguidores que nunca se findará. Carlos Drummond de Andrade em seu poema Rua do olhar descreve seu sentimento em relação à um rua de Paris, como se ela fosse um olhar solitário a observar os homens que passam por ela.
A rua do olhar guarda cada passo, cada palavra dita nos caminhos sobre ela, sem contar a ninguém.
É um local seguro e fiel, transmite amor, carinho e até sorri.
Acalma e acolhe.
O eu lírico dá vida à rua e aos objetos integrantes dessa rua, menciona o olho das coisas e até sugere que essas coisas respiram.
Transmite a idéia de que o mundo cabe num olhar.
“Entre tantas ruaque passam no mundo,a Rua do Olhar,em Paris, me toca.(...)”
(DRUMMOND: Nova Reunião, p.87)
Baudelaire, da mesma forma que influenciou poetas e escritores do mundo inteiro, foi influenciado por Edgar Allan Poe mediante a tradução feita de O Homem das multidões. Poe tem como base em sua prosa o fantástico das exacerbações da natureza humana: as alucinações, cuja lógica ultrapassa a consciência habitual; mentes inquietas e febris; e personagens neuróticos. Os cenários são repletos de morte e fatalidade, é a angústia de quem vê sua rotina tranqüila se tornando caótica. “O homem das multidões” ou “escritor maldito” mergulhou fundo no lado desconhecido da alma humana. Sua influência foi além de Baudelaire, além da poesia Simbolista: Poe continua sendo lembrado na ficção científica, no romance policial moderno e psicológico.Seguindo o mesmo caminho temos o filósofo alemão Franz Hessel. Em seu livro Passeios por Berlim, Hessel diz que “o flâneur já não existe, dizem as pessoas, porque é contrário ao ritmo do nosso tempo. Mas eu não acredito”(HESSEL:1999,p.54). Em sua concepção, flâneur é um nativo que se move pela cidade como se fosse um estranho. Hessel foi o primeiro que notou na cidade um enigma e foi ele quem soube fazer dos devaneios do flâneur um verdadeiro gênero literário. Para ele “passear e pensar se revelam uma mesma coisa”(HESSEL:1999, P.54). Essa relação é encontrada desde a filosofia grega; Montaigne se apropria dela e acrescenta um novo conceito fundamental: andar e escrever, os corpos passeiam como movimentos de escrita. Rousseau, por sua vez, agrega ao movimento do corpo sobre o domínio da natureza, surgindo, assim, o passante solitário, criando a concepção do passeio como uma ação poética. Seguindo o preceito de Nietzsche em Ecce Homo, “Estar sentado o menos possível; não confiar em nenhum pensamento que não tenha nascido ao ar livre e em plena liberdade de movimentos”(NIETZSCHE:2000, p.140).Depois de Paris, a arte de flanar segue por toda Europa, em especial Portugal e Inglaterra. Em Portugal com Fernando Pessoa, e seu heterônimo Álvaro de Campos; e, o herdeiro do caos urbano, Bernardo Soares, sendo que este despreza viagens em favor de passeios pela cidade. Mas nos fixaremos em Campos.Homem do século XX, poeta futurista, vivencia o processo de industrialização de Portugal. É um inadaptado, não se rende às convenções sociais. Pessoa tem como raízes a percepção visual da realidade e o conflito familiar. Para Campos, o interesse pela cidade se dá pelo progresso material, é um lugar de mistério. Mas viver na cidade o reduz ao estado de mendigo e, sofre ainda mais por ser tão dependente dela e por ela ser tão indiferente a ele. Ele se sente isolado e abandonado na cidade, por isso a repele, mantendo dentro de si um mágoa grandiosa e um oculto desejo de incluir-se em sua vibração. O mais moderno heterônimo de Fernando Pessoa, em sua segunda fase, sensacionista e mecanicista, revela-nos o predomínio do espírito nietzschiano, a inspiração de Walt Whitman e o Futurismo de Marinetti. Da influência recebida de Nietzsche nota-se o seu gosto de observar as coisas e as pessoas que passam nas ruas, como exemplo temos o poema Tabacaria, que mistura, de forma fascinante, o mundo interior e a realidade universal
Daniele Melchiades - Juiz de Fora - Minas Gerais

O que é um flâneur?

O flâneur é o ser que observa o mundo que o cerca de maneira real e descritiva, levando a vida para cada lugar que vê. O flâneur descrever as cidades, as ruas, os becos, o externo. Desvincula-se do particular, recrimina o privado, de forma a ver a rua como lar, refúgio e abrigo. Este sentimento flaneuriano reflete a necessidade de segurança do indivíduo, a necessidade de identificação dele para com a sociedade. A rua é seu lar, seu mundo. Ali nada é estranho ou prejudicial. Na rua se sente confortável e protegido.